sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Resenha Crítica: Capitães da Areia



Capa: Capitães da Areia.
     Apesar de ser um livro que não fará mais parte da lista de obras do vestibular da FUVEST, Capitães da Areia é um livro digno da fama que tem na literatura brasileira. Sua história despertou em mim um novo modo de enxergar o problema das crianças de rua, essencial para qualquer estudante, ou qualquer curioso, de assuntos relacionados a críticas sociais.

     O livro retrata a história de meninos que moram na rua e sua luta diária para sobreviver, entre eles há meninos sem pai, sem mãe, sem lar. Há meninos que fugiram de casa por n motivos. Há crianças abandonadas e há crianças que simplesmente não tem mais pra onde ir. Eles são comandados por um menino chamado Pedro Bala, órfão desde cedo, Pedro teve de se virar e achar um jeito de continuar a vida. Antes de ser o líder, o grupo já existia, mas ao ver um de seus colegas sendo humilhado pelo antigo chefe, Bala sente que as coisas não podem continuar do jeito que estão e termina por encarar o antigo líder. Pedro Bala e os outros meninos do trapiche - lugar onde moram - sobrevivem por meio de pequenos furtos, trapaças, mentiras e golpes. Para eles não há nada de criminoso nisso, afinal o que meninos como eles, alguns ainda mal saíram das fraldas, outros não tem nem 15 anos completos, podem fazer? Nasceram na miséria e na desgraça, que culpa tem essas crianças de estarem onde estão vivendo do jeito que estão? Não há quem olhe por eles, não há quem tome conta deles, não há quem os instrua. Claro que existe o Padre José Pedro, a mãe de santo Dona Aninha e o Querido-de-Deus para que os garotos não se sintam tão só, mas ainda assim não são o que eles precisam, não são uma família.

     Crianças carentes que não conhecem o amor de uma mãe, de um pai, não sabem o que é ter uma família, o que esperar desses seres humanos que não tiveram o básico que alguém deve ter para se sentirem, como o nome diz, humanos? O que serão dessas crianças quando crescerem? Alguns talvez conseguirão sair desse ambiente, mas ainda assim carregarão para sempre consigo o peso de terem de parar de ser crianças para serem homens desde muito cedo.


     O autor, Jorge Amado, faz críticas sociais muito profundas com uma escrita que te faz sentir como se estivesse vivendo junto dos próprios Capitães da Areia, que foi o que ele de fato fez para escrever o livro. Os temas e os problemas abordados escritos no século passado ainda são os mesmos de hoje, os medos que assombravam o trapiche continuam assombrando os meninos de rua de todo o Brasil, e porque não mencionar, de todo o mundo.


- Mauricio -

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